Vini Lanza: da raia 6 para a Olimpíada

Conheça um pouco da história e da conquista olímpica do principal nadador de borboleta do Brasil nos últimos anos

Vini Lanza: campeão da NCAA, recordista brasileiro, medalhista pan-americano, medalhista pan-pacífico e OLÍMPICO.

"Por um segundo ali, sinceramente, eu rezei: ‘eu treinei tanto pra essa porra, me ajuda aí, me dá um pouquinho de energia’ ... Eu dei uma olhada rápida pra procurar os meninos e vi que eu ainda tava um pouco atrás, e que ia ter que voltar muito forte no crawl. Eu comecei a pensar: ‘eu quero tanto isso aqui, se tiver que morrer nessa piscina eu vou morrer, vou dar a vida nesse crawl". 
Vini Lanza, nadador olímpico brasileiro

 

Não vejo nada mais plausível do que começar uma matéria sobre Vini Lanza do que com uma história. Afinal de contas, ele curte uma resenha.

Era 2011, e a equipe infantil do Minas tava toda sentadinha na arquibancada vermelha atrás da piscina, torcendo para o preparador físico chegar atrasado para o início dos exercícios que precediam o treino na água – o atraso podia significar duas coisas: ou o treino fora d’água, ou o treino dentro d’água, seriam menores; de qualquer jeito saíamos ganhando. Em uma época em que a turma 97 de meninos do Minas só falava de “Call of Duty”, recitava vídeo do “Porta dos Fundos” ou sofria algum trote por conta dos veteranos, eu e Lanzinha, por algum motivo, começamos a trocar ideia sobre o que cada um queria atingir na natação. Não deixe a medalha de Pan-Pacífico ou o título da NCAA te enganar, na época ele não era dos melhores da equipe. No treino, a gente treinava na raia 6. Era a raia dos renegados. O pessoal que, ou não se classificava para o campeonato brasileiro, ou não pegava final nele.

Como alguns atletas da equipe estavam começando a largar a natação, eu levantei a pergunta do que seria necessário para ele parar de nadar. O que faria ele a dizer: “Pronto, tô satisfeito”. Ele virou para mim e disse: “Só paro de nadar depois de conseguir uma final de brasileiro, e classificar pra Mococa”. – Mococa era onde acontecia o Trófeu Chico Piscina, principal competição de categoria de base no Brasil. É o sonho de todo nadador das categorias infantil/juvenil. De forma parecida com a Olimpíada, o Chico Piscina só permite dois atletas por estado em cada prova. Na Olimpíada, são dois atletas por país em cada prova.

Acho que as expectativas foram modestas. No ano seguinte, 2012, com alguns quilos e alguns centímetros a mais, ele conquistou não só a final, mas o pódio dos 200m medley no brasileiro juvenil. Em 2013 ele se classificou para o Chico Piscina em Mococa.

Pro meu alívio, ele já não fazia a menor ideia da resposta que tinha me dado 2 anos antes, ou simplesmente não acreditava mais nela. Em 2014 ele foi campeão brasileiro juvenil; em 2015, prata no mundial júnior em Cingapura; em 2016, campeão brasileiro absoluto; em 2017, o melhor nadador do campeonato universitário “B1G Ten”, nos Estados Unidos; em 2018, bronze no Pan-Pacífico; em 2019, campeão da NCAA (campeonato nacional universitário dos EUA); e em 2021, ele é finalmente olímpico.

O caminho, como para qualquer atleta olímpico, não foi fácil, e a classificação veio por muito pouco, em uma prova que nem é a sua especialidade.

NOVA SELETIVA E PANDEMIA

Em 2016, logo após as Olimpíadas do Rio, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) comunicou que planejava fazer uma seletiva única para Tóquio, aos moldes de países como Estados Unidos e Austrália. A proposta é fazer com que os nadadores nadem sob enorme pressão, com o intuito de se prepararem para o que os espera nas Olimpíadas. O formato foi testado para todas as principais competições no intervalo entre os Jogos. Os mundiais de piscina longa de 2017 e 2019 seguiram esse sistema de classificação, bem como o Pan-Pacífico e o mundial de piscina curta de 2018, e o Pan-Americano de 2019.

Embora os atletas tenham sido preparados e acostumados a situações de pressão por 4 anos, a seletiva olímpica desse ano contou com uma variável em relação às seletivas passadas: a pandemia.

A raia no sítio foi montada pelo pai de 
Lanza, com isopor e linha de pesca.
(Foto: Acervo Pessoal)


Para Lanza não foi diferente. Em março de 2020, após o anúncio do adiamento das Olimpíadas e fechamento das piscinas em todo o mundo, ele retornou ao Brasil para passar tempo com seus pais. Montou uma raia no lago de seu sítio com linha de pescar e isopor, e ficou ali por algumas semanas. O treino era longe do ideal. Sem técnico, sem borda, sem enxergar o fundo. A ideia era simplesmente se manter ativo, e continuar a ter contato com a água. De volta em Belo Horizonte, ele ficou durante os meses de junho e julho treinando em uma academia fechada apenas para alguns atletas, que revezavam os turnos para não ultrapassar o limite de um atleta por raia.

“Naquele momento, não tinha nada ideal, e eu achava que tava assim no mundo todo. Isso me deixava mais tranquilo, saber que todo mundo tava parado. Mas agora a gente sabe que não foi assim. Os italianos não pararam, os húngaros que tão arrebentando agora, não pararam. Os países deles conseguiram fazer bolhas pra fazer o treinamento e construíram uma infraestrutura para eles continuarem treinando ... Mas para mim, o que eu tentei fazer foi o máximo possível sem colocar eu ou minha família em risco, e estar em contato com a água era muito importante, por que a sensibilidade é uma das coisas que mais demoram a voltar.”, contou Lanza.

LIGA INTERNACIONAL DE NATAÇÃO

Em agosto, o Minas reabriu e o treinamento foi sendo retomado aos poucos já com um objetivo em mente, a segunda temporada da Liga Internacional de Natação, que aconteceu entre os meses de outubro e dezembro, em sistema de bolha em Budapeste.

Embora Lanza acredite que a competição tenha sido de extrema importância para conduzir os treinamentos sem a preocupação de contágio do vírus, além de estar rodeado pelos melhores nadadores do mundo, os mesmos que deve enfrentar em Tóquio, seu técnico na Universidade de Indiana, Ray Looze, argumenta que a competição foi uma das razões pelas quais os nadadores não tiveram uma preparação adequada.

“O Ray vem de uma filosofia de treino que é contrária a ideia de dividir as atenções entre várias competições. Ele quer que a gente passe o ano todo treinando dolorido, sem raspar, para chegar na hora da competição principal e mandar um tiro, se sentindo mais leve e mais em forma do que durante os treinos. A Liga ainda divide o coração dos técnicos, porque eles acham que não é benéfico para o treinamento.” diz Lanza.

Essa foi a segunda temporada de Lanza na Liga Internacional de Natação. A competição vem conquistando o reconhecimento de muitos atletas e fãs, e hoje já conta com um percentual significativo dos melhores nadadores do mundo. Idealizada e financiada pelo bilionário ucraniano Konstantin Grigorishin, a Liga oferece algo que o Comitê Olímpico Internacional falha em proporcionar, uma recompensa financeira aos atletas.

A competição é dividida em times, montados por capitães e managers que possuem um orçamento limitado para constituir suas equipes. Os atletas também brigam por prêmios que são distribuídos em cada evento. Lanza conta sobre a importância dessa questão financeira para os atletas:

“Falta uma mudança de pensamento ainda. Os técnicos e muitos atletas ainda não veem a Liga como uma grande competição. Pra mim, já vale mais que mundial. A Liga paga minhas contas. Se não fosse ela, eu não conseguiria me sustentar aqui nos Estados Unidos. A gente cresce nessa cultura do ideal do atleta olímpico, é o nosso sonho de criança, mas se você pensar bem, o que você ganha ali é uma questão moral, é glória, não tem retorno financeiro. Isso aqui é meu trabalho, eu tenho que pensar na minha segurança depois que parar de nadar.”.

Lanza também lembra do dia em que ouviu falar da competição pela primeira vez e como foi convidado pelo maior nadador do nado peito de todos os tempos para integrar seu time:

“Eu tava na aula com o Blake Pieroni (colega da universidade e medalhista de ouro pela seleção americana no Rio 2016) e ele tava fissurado na parada. Ele falou que tava quase fechando com o Cali Condors, o time da Califórnia ... e aí eu comecei a pedir pra ele me colocar no time, pra me passar o contato do pessoal, e ele ficava falando que não dava, que os times já estavam quase todos fechados ... Eu comecei a ficar nervoso, achando que ninguém ia me contratar, até que um dia, do nada, o Adam Peaty começou a me seguir no Instagram e me mandou um DM. No mesmo dia, um tempinho depois, o Kyle Chalmers fez a mesma coisa. A mensagem dos dois falava que eles me queriam no time deles, o London Roar. Eu passei o e-mail e eles me ofereceram um salário. Antes mesmo de eu aceitar, o NY Breakers fez uma oferta 3x mais alta. Aí que eu pensei igual o Tom Brady, tinha que sacrificar um pouco do salário pra ficar no time melhor e ganhar o bônus. Eu pensei ‘vou nadar revezamento com Adam Peaty no peito, eu no borbo e Kyle Chalmers no livre, nós vamo ganhar tudo’. Foi aí que os caras me pediram pra recomendar alguém pra nadar o costas, e eu recomendei o Guidão (Guilherme Guido) ... Os cara contrataram o Guido no salário-mínimo, e ele chegou lá e ganhou tudo. Guidão ficou tão feliz comigo que depois da competição, quando rolou a resenha, ele me pagou um uísque Chivas 18 anos com a grana da premiação.”, contou Lanza rindo.

Mensagem do campeão olímpico Kyle Chalmers,
convidando Lanza para fazer parte do London Roar

Para a segunda temporada, o NY Breakers voltou a sondar Lanza e aumentaram em muito a oferta. Ele preferiu continuar no London Roar, tanto pelas premiações, quanto pelo fato de sua namorada, Annie Lazor, ter fechado com a equipe.

Para esse ano, a competição contará com um sistema de draft, parecido com o que ocorre nas ligas americanas como NBA e NFL. Cada equipe pode manter 15 dos seus atletas que competiram na temporada anterior, enquanto o restante integra a lista que compõe o draft, juntamente com os calouros que não participaram na temporada anterior. Lanza ainda não sabe se estará entre os 15 remanescentes do London Roar, e já se registrou para o draft.

PREPARAÇÃO PARA A SELETIVA

Terminada a competição, o foco voltou para a piscina longa. Lanza voltou para Indiana, onde fez sua preparação para a seletiva com o coach Ray. No final de março, pouco menos de um mês antes de voltar para o Brasil, Lanza testou positivo para COVID. Sem poder treinar ou sair de casa, o desespero começou a bater e ele pediu à comissão técnica que lhe deixassem fazer a contraprova, já que não saía de casa para nada além dos treinos e não tinha a menor ideia de onde poderia ter contraído o vírus. Além disso, sua namorada, Annie, com quem mora, havia testado negativo. 

Quando o resultado da contraprova saiu como negativo, ele voltou aos treinos normalmente, mas os dias que ficou fora das piscinas podem ter impactado sua performance na seletiva. Ele chegou ao Brasil na sexta-feira, direto no Rio de Janeiro, onde a competição começaria na segunda. A primeira prova foi os 200m borboleta, no terceiro dia de competição. O resultado não foi bom, e ele acabou ficando de fora da final. Sendo essa uma prova a qual Lanza chegou a vencer uma das etapas na Liga Internacional de Natação, além de baixar seu melhor tempo em mais de uma ocasião, era de se esperar que ele buscaria o índice e brigaria de igual para igual com os dois principais concorrentes, Léo de Deus e Luiz Altamir. Mas ele contou que a prova nunca foi o foco para conseguir a vaga e que não chegar à final não o abalou.

“Eu e a Camila (psicóloga) anotamos no caderninho tudo que podia dar errado e quais seriam as soluções na hora, isso por que eu tenho um pouco de dificuldade de, quando as coisas dão errado, virar a chave mais rápido, pra não deixar aquilo me afetar muito. Então eu tinha anotado o que podia rolar nos 200m borbo pra me preparar, mas a verdade é que essa era uma prova que eu nem pretendia nadar. Inclusive eu decidi que ia nadar ela uma semana antes da seletiva ... Eu e o Ray sabíamos que meu treino não tava focado nessa prova, mas ele decidiu que era importante colocar meu nome no balizamento, só pra mexer com o psicológico do pessoal, até porque muita gente ali também ia nadar os 100m borbo mais tarde. O Ray tem dessas coisas, ele quer jogar um jogo. Você consegue ver isso em vários atletas dele. A Lilly King, por exemplo, é mestre em desestabilizar a galera que vai nadar contra ela.”, disse Lanza.

Faltando uma semana pra competição ele passou a cogitar nadar a prova. Mesmo não tendo treinado para tal, ele achava que o índice era possível de ser alcançado e que, mesmo que não conseguisse a vaga, era importante cair na água antes das principais provas, para quebrar o gelo e a tensão da competição.

Por conta da pandemia, era permitido que os atletas entrassem no Parque Aquático apenas uma vez por dia, e não podiam frequentar uma etapa na qual não fossem nadar. Como os 200m medley e os 100m borboleta ocorreriam apenas nos últimos dois dias, Lanza falou que esperar tanto tempo para nadar uma prova na competição pode deixar seu corpo sonolento, sem falar na ansiedade que cresce a cada dia. A prova dos 200m borboleta então, mesmo com um tempo muito acima do que Lanza poderia entregar, foi essencial para prepará-lo para as provas seguintes.

“Olhando agora, eu acho que não teria me classificado nos 200m medley, se não tivesse nadado os 200m borbo antes” - Lanza.

Chegou a sexta-feira, e com ela, os 200m medley. Dessa vez, não tinha mais espaço pra erro. Essa é uma prova na qual ele já havia nadado abaixo do índice, e para qual ele vinha treinando muito forte. A etapa eliminatória serviu de estudo para todos os nadadores, já que a prova tinha apenas 7 atletas e, por conta disso, todos já estavam garantidos na final.  Lanza classificou para a final na raia 5, com o tempo de 2:04.38. O índice era 1:59.67 e precisava ser atingido na final à noite. Vou deixar ele contar como foi a prova:

“Essa foi a prova pra qual eu mais treinei. Eu tava dando raça todo dia, trabalhando muito nos estilos que eram mais fracos, o costas e o peito, e a estratégia tava muito clara na minha cabeça ... No dia da prova eu comecei a pensar no Caio (Pumputis) e no Léo (Santos) – principais concorrentes de Lanza à vaga – e eu sabia que era a última prova dos dois. Eles ainda não tinham conseguido a vaga nas outras provas e eu sempre torço muito pelos dois. Mas eu não podia focar nisso. Eu tinha que fazer minha prova. E pra que eu entrasse, um dos dois tinha que ficar de fora ... Eu sabia que os dois iam passar rasgando no borboleta, mas eu quis aproveitar pra alongar bem o nado e não cansar muito. No costas eu consegui fazer um submerso bom e ajeitar a técnica que eu trabalhei tanto; fiz uma virada um pouco ruim do costas pro peito, e foi a única vez que eu vi os meninos, que pareciam um pouco à frente. Eu tava tão focado na minha prova que não dei atenção pra isso; fiz uma filipina longa depois da virada e comecei a forçar o peito. Na hora que cheguei ali na marca dos 25m, começou a bater aquela dor absurda. A partir dali você tem que conviver com a dor pelo restante da prova. Por um segundo ali, sinceramente, eu rezei: ‘eu treinei tanto pra essa porra, me ajuda aí, me dá um pouquinho de energia’ ... Eu dei uma olhada rápida pra procurar os meninos e vi que eu ainda tava um pouco atrás, e que ia ter que voltar muito forte no crawl. Eu comecei a pensar: ‘eu quero tanto isso aqui, se tiver que morrer nessa piscina eu vou morrer, vou dar a vida nesse crawl’. Eu dei uma respirada funda, fiz a virada rápida e falei: ‘agora segura esse submerso, 6 pernadas’. Dei uma, duas, três, quatro, cinco, e na hora que eu dei a sexta ondulação e saí da água, dei duas respiradas e já comecei a bloquear a respiração. Eu sempre consegui tirar uma diferença nos últimos metros por conta de colocar a cabeça pra baixo e não respirar. Como eu sabia que os meninos tinham começado a fazer isso também, eu ia começar a dar a bloqueada desde o início. Depois das duas respiradas rápidas, meu braço tava tão pesado que eu só jogava ele pra frente. Puxava o máximo de ar possível e segurava. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis braçadas, respirava, e repetia de novo. Na hora que faltava uns 20 metros eu comecei a acelerar mais ainda a perna, e rezando o tempo inteiro pra parede chegar. Pra aquela dor insuportável passar, meus músculos todos queimando e ardendo. Quando eu bati na parede eu já pensei ‘puta merda’. A sensação foi muito ruim. Achei que tinha travado muito no finalzinho e que não tinha dado. Fiquei caladinho olhando pra placa e nem olhei o placar. De repente eu escutei os treinadores do Minas comemorando. Era o Sergião e a galera da comissão. Olhei pra eles e tava todo mundo gritando ‘aeee caralho. Deu, deu, deu!’. Depois olhei pro placar e tava lá: 1:59.56. 11 centésimos. Foi perto demais. Muito mais perto do que eu tava planejando. Eu tava treinando pra fazer um tempo menor, mas naquela hora ali eu só consegui pensar ‘tô dentro’ ... Logo depois eu comecei a procurar quem tinha conseguido a outra vaga. E quando vi que o Léo tinha ficado de fora fiquei muito chateado, por que ele é um cara muito foda, que trabalha demais e que eu sou muito fã. Foi uma mistura de emoções naquele momento. Natação é uma loucura, é por um momento curto e incerto de glória que você tem que dar tanta raça.” – Lanza.

O momento em que Vini Lanza descobriu que era olímpico. (Foto: Sátiro Sodré)

Tendo garantido a vaga, Lanza voltou-se para sua prova principal, os 100m borboleta, disputado no dia seguinte. O tempo não chegou nem perto do seu melhor, e ele acabou ficando em 3º lugar. Para seu alívio, apenas um nadador fez tempo abaixo do índice e, portanto, ele deve poder nadar a prova na Olimpíada. Mesmo com a vaga garantida nos 200m medley ele não ficou satisfeito.

“Eu fiquei puto, eu sempre quero ganhar essa prova. Eu venho batendo tempo no treino, já pra nadar na casa dos 50 (segundos). Conversando com o Ray, o tempo que a gente tem em mente é 50.8. Eu ainda tô tentando entender o que rolou, mas eu acho que o êxtase da classificação no dia anterior me prejudicou. A gente teve que fazer entrevista, exame de doping, e eu não pude responder todas as mensagens, mas ainda sim fiquei um tempo conversando com meus pais e com a Annie. A adrenalina tava lá no teto. Tomei um banho, fiz uma meditação, tomei um chá, mas mesmo assim na hora que eu deitei na cama, meu corpo tava a mil. Eu consegui dormir umas 3/4 horas, mas ainda assim me senti bem na hora que acordei. Foi só quando eu caí na água pro aquecimento que eu me senti um pouco fraco e fora de ritmo ... Mas eu não gostei mesmo do resultado, essa é minha prova favorita, é a prova que eu acho que dá pra brigar por medalha (na Olimpíada). O importante é que eu posso nadar a prova em Tóquio, porque já fiz o índice antes e sei que posso fazer um tempo muito melhor do que o que fiz na seletiva.”, diz Lanza.

FOCO EM TÓQUIO

De volta a Indiana logo no domingo, o foco agora é todo na preparação para os Jogos. Embora o objetivo principal da seletiva tenha sido alcançado, os tempos não refletem as expectativas de Lanza para as Olimpíadas em junho. O sonho sempre foi a medalha e, acertando os ajustes necessários, os tempos que ele e seus técnicos colocaram como meta devem ser suficientes para colocá-lo nesse patamar.

“Agora é meter a cabeça na água e treinar. Treinar nos pontos que falharam na seletiva, a resistência anaeróbica, a velocidade. Vou bater bastante nessas teclas para que na prova eu consiga manter o ritmo e a posição na hora que o corpo começa a doer ... Eu já me sinto preparado há algum tempo e com o tanto de trabalho que eu faço aqui, não conseguir melhorar meus tempos é um pouco frustrante. Pros jogos, eu já pensei em alguns ajustes para discutir com o Ray. Eu achei que ganhei muita massa, nunca tive tão pesado igual nessa seletiva. Talvez fazer um pouco mais de velocidade nos treinos. Isso tudo é questão de sentar e conversar com os técnicos.”.

Em 2016, a medalha de prata foi dividida por 3 dos maiores nadadores de borboleta da história: Michael Phelps, Laszlo Cseh e Chad le Clos. Eles fizeram o tempo de 51.14s. Se Lanza conseguir baixar sua melhor marca de 51.42s, e chegar perto da meta de 50.80s, estipulada pelo coach Ray, o pódio tem grandes chances de ser atingido. A questão é não só conseguir atingir o tempo, mas atingi-lo na hora certa, e no lugar certo: a final em Tóquio.


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